O governador do Pará, Helder Barbalho, anunciou, na manhã desta segunda-feira (27), que será publicado ainda hoje um decreto de emergência para o município de Abaetetuba, nordeste do estado, que sofreu com deslizamentos de terra na manhã de ontem (26). O documento vai facilitar apoio do governo federal junto ao Ministério da Integração Nacional e a Defesa Civil. Cento e oito famílias que moravam nos bairros São João e São José ficaram desalojadas.
“Neste momento estamos fazendo o cadastramento de todas as famílias impactadas, o estudo do solo da área para dimensionar qual a totalidade do local atingido que não poderá ser ocupado por estar sob risco de novo deslocamento de terra. Em paralelo a isso, a garantia do aluguel social por parte do município”, afirmou o governador.
Ele acrescentou que “o Corpo de Bombeiros estará ofertando alimento, água e também kit de higiene. O Programa Recomeçar também vai garantir que as pessoas que perderam eletrodomésticos e móveis, possam ter condição de adquirir e atravessar esse momento de maior dificuldade. Estaremos já publicando o decreto de emergência em reconhecimento à ação municipal que habilitará o município a requerer junto ao governo federal as ações, seja de prevenção, seja de resposta junto do Ministério da Integração Nacional e a Defesa Civil”, destacou Helder Barbalho.
Helder Barbalho ainda declarou que o Estado fez contato com a concessionária de energia elétrica para restabelecer o fornecimento de luz para a ilha afetada com o tombamento de uma torre de energia durante o deslizamento de terra. Cerca de 400 pessoas foram prejudicadas.
A comitiva estadual que visitou a região atingida contou com a presença da vice-governadora Hana Ghassan, secretariado estadual e autoridades municipais.
Agentes da segurança pública inspecionam área atingida por deslizamento de terras em AbaetetubaFoto: Marco Santos / Ag. ParáAssistência
O governo do Pará montou uma força-tarefa no município de Abaetetuba com equipes do Corpo de Bombeiros, secretarias de assistência, obras, saúde e habitação, além das polícias civil e militar para garantir suporte médico, psicossocial, emissão de documentos, aluguel social e levantamento técnico de danos. O Estado também dará apoio para o diagnóstico da área afetada e obras necessárias de infraestrutura para a orla da cidade. A força-tarefa estadual ficará no município enquanto for necessário.
Foto: Marco Santos / Ag. ParáA Secretaria de Estado de Obras Públicas (Sedop) participa dos esforços conjuntos e complementares de apoio ao município. “Estamos colaborando fazendo o dimensionamento do ocorrido. A partir do laudo, nós vamos entregar a Defesa Civil e a prefeitura e sugerir as medidas que sejam necessárias pra que a gente volte à normalidade. Também vamos acionar instituições parceiras como a Companhia de Portos, universidades, Conselho de Engenharia, empresas voltadas para análise de solo, e a partir daí, definirmos claramente o nosso posicionamento”, pontuou Rui Cabral, titular da Sedop.
Foto: Marco Santos / Ag. ParáA Companhia de Habitação do Estado do Pará (Cohab) também acompanha as ações. “Estamos aguardando a conclusão do laudo para saber de que forma a Cohab vai atuar. Se vai atuar ajudando na reconstrução no local, ou no caso de remanejamento em parceria com a prefeitura. O importante é que o Governo do Estado está à disposição dos moradores atingidos tentando dar uma direção para amenizar a situação.
O pescador Manoel Paulo da Silva mora há 48 anos na área afetada. Ele foi orientado pelo Corpo de Bombeiros a deixar a região até que o local seja vistoriado. “Ninguém esperava. Nós pegamos o que pudemos e fomos pra casa da minha sogra. Estamos muito preocupados. Está sendo muito difícil sair de casa. Toda minha família mora aqui e estamos espalhados, improvisados nas casas dos parentes. Hoje eu não pude nem ir trabalhar”, relatou.Foto: Marco Santos / Ag. Pará
A prefeita de Abaetetuba, Francinete Carvalho, acompanhou a visita técnica da equipe do governo estadual. “Estamos trabalhando de maneira coletiva e pedimos ajuda do governo estadual. A primeira medida foi isolar a área e afastar as pessoas do polígono de risco e acolher essas pessoas. A secretaria de assistência social do município, junto com a secretaria estadual, estão fazendo o cadastramento e acolhimento com psicólogo para que os danos materiais e também emocionais sejam os menores possíveis”, disse a prefeita.
A empregada doméstica Ana Maria está abrigada provisoriamente na casa da patroa até consegui uma casa para alugar. Ela lembra dos momentos dramáticos que viveu com a família ao sair de casa às pressas.
Foto: Marco Santos / Ag. Pará“É uma coisa que mexe muito com a gente, mas só temos que agradecer primeiramente a Deus porque estamos com vida. Isso foi uma graça muito grande. Já pensou acontece à noite? Pelo menos consegui tirar algumas coisas de casa. Teve gente que não conseguiu pegar nada, nem documento”, relatou a moradora.
O ginásio esportivo, que fica na Avenida Pedro Rodrigues, centro da cidade, foi colocado à disposição das famílias desalojadas e serve base de apoio das ações estaduais e municipais. Para o local também podem ser encaminhadas doações, como roupas, alimentos e itens de higiene pessoal.