Equipe da Sedap conhece a primeira búfala de proveta nascida no Marajó

Nos últimos três anos, o Pará passou a ser referência no uso de biotecnologia reprodutiva de ponta para bubalinos. No último sábado (29), uma equipe de servidores da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap) fez uma visita técnica à Fazenda Paraíso, no município de Cachoeira do Arari, no Arquipélago do Marajó, para conhecer de perto a primeira bezerra oriunda da técnica denominada Pive (produção in vitro de embriões). O animal nasceu em dezembro do ano passado.

A bezerra com a médica veterinária que acompanhou a reprodução in vitroFoto: DivulgaçãoDurante a programação, sob a supervisão da diretora de Agropecuária da Secretaria, Kamila Leão, também foi apresentada uma bezerra nascida em outubro de 2021, oriunda de sêmen sexado – quando é escolhido o sexo do bezerro na fertilização. A equipe da Sedap conferiu, ainda, a demonstração das técnicas de transferência de embriões que utilizam búfalas selecionadas, como barriga de aluguel.

A fazenda é de propriedade do pecuarista João Rocha, e fica localizada na Rodovia PA-154, entre os municípios de Salvaterra e Cachoeira do Arari, no povoado Retiro Grande, a 30 km do Porto do Camará e a 45 km de Salvaterra.

O nascimento da primeira bezerra e as técnicas de Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) desenvolvidas no Marajó estão sendo acompanhadas pela Sedap desde o início do Projeto Central de Biotecnologia da Reprodução de Bubalinos na Ilha do Marajó, aprovado pela Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa) e desenvolvido pela Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), em parceria com a Universidade Federal do Pará (UFPA).O animal com os profissionais da Sedap e das demais instituições parceiras da pesquisaFoto: Divulgação

Resultados – A veterinária da Sedap Anelise Ramos, que também presta serviço à Fapespa e ao Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), informou que o projeto já apresentou diversos resultados, como inseminações, os primeiros congelamentos de sêmen no Marajó, as primeiras experiências que resultaram no nascimento oriundo de sêmen sexado e o primeiro nascimento por produção in vitro na região. “Além de projetos de mestrado, doutorado e iniciação científica dos nossos estudantes, através de parcerias com instituições de ensino (Ufra e UFPA) e produtores rurais do município”, completou.

Anelise Ramos citou, ainda, “os procedimentos realizados pela equipe foram com enfoque no processo inédito de produção in vitro de embriões em bubalinas no Marajó , na Fazenda Paraíso, que deu origem à primeira bezerra búfala oriunda de Pive”.

Segundo a médica veterinária, “a participação das instituições e dos produtores rurais foi, e continua sendo, imprescindível para propiciar o crescimento das biotécnicas reprodutivas na Ilha do Marajó, pois fornece incentivos que fazem, de fato, projetos como esse terem base para atender proprietários e disseminar conhecimentos descritos apenas na literatura científica, fazendo com que, desse modo, a produção da região cresça e se desenvolva cada vez mais”.

Seleção – A biotécnica reprodutiva que resultou no nascimento da primeira bezerra in vitro no Marajó inicia a partir da coleta de oócitos (células) de doadoras bubalinas selecionadas geneticamente, por uma guia de aspiração, e visualizados em imagens ultrassonográficas, informou a veterinária.

Após a coleta, detalhou Anelise Ramos, os gametas femininos são enviados à equipe do laboratório e selecionados para a produção de embriões. O período de produção de embriões para bubalinos leva em torno de seis dias, após a fertilização in vitro, quando o embrião está apto para ser inovulado (transferência de embriões) em fêmeas bubalinas receptoras (barrigas de aluguel), as quais irão gerar o embrião no útero até o nascimento.

Pesquisa – O professor e doutor Sebastião Rolim, da Universidade Federal Rural da Amazônia, explicou que o projeto surgiu há três anos, quando foi instalado na Escola Estadual de Educação Tecnológica (EETPA) de Salvaterra. São mais de 30 anos de pesquisas realizadas pela equipe do professor Otávio Mitio Ohashi – que faleceu ano passado em decorrência da Covid-19 – junto com o laboratório de produção in vitro de embriões da UFPA.

“Infelizmente, no início do ano passado nós tivemos a perda do professor. Hoje, temos a missão de estar levando o legado de todo esse trabalho feito por ele na reprodução de bubalinos”, enfatizou o professor da Ufra.

O objetivo do trabalho no Marajó, informou Sebastião Rolim, visa aumentar a eficiência reprodutiva bubalina, pois esses animais têm uma importância econômica muito grande para a região do Marajó. “O Brasil tem o maior rebanho de búfalos no mundo fora da Índia, e esse rebanho está basicamente concentrado no Marajó”, destacou.

Liderança nacional – Os dados apresentados pela Sedap mostram que o Pará lidera com folga a produção de bubalinos no Brasil. De acordo com o levantamento mais recente disponibilizado na página virtual da Secretaria, em 2020 o Pará registrou a produção de 546.777 cabeças de gado bubalino, o equivalente a 38% de todo o rebanho brasileiro. Os municípios de Chaves, Soure e Cachoeira do Arari são os maiores produtores do Pará.

Além da diretora Kamila Leão e da médica veterinária Anelise Ramos, a equipe da Sedap contou com o coordenador de Produção Animal, Andrio Andrade.

A programação teve ainda a participação de representantes das instituições envolvidas no projeto. Pelo governo do Estado, além da Sedap, estiveram presentes representantes da EETPA de Salvaterra, onde está instalado o laboratório para realização dos trabalhos.

Serviço: Todos os dados estatísticos do rebanho bubalino no Pará estão disponíveis no site www.sedap.pa.gov.br.

Texto: Rose Barbosa – Ascom/SedapPor Governo do Pará (SECOM)

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