O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta segunda-feira (23) que a inflação brasileira não está fora de controle e que os índices de preços sobem no mundo todo. Para ele, uma inflação entre 7% e 8% está “dentro do jogo”.
É verdade que a inflação está em alta em boa parte dos países. Mas economistas dizem que a comparação feita por Guedes tem pouco fundamento.
Em países da zona do euro, a agência Eurostat apurou uma inflação de 2,2% em julho. É a taxa mais elevada desde outubro de 2018 e acima da expectativa de economistas de 2,0%. Mas o Banco Central Europeu sinalizou que os choques devem arrefecer nos próximos meses e não deve mudar sua política monetária.
Comparado aos europeus, o Brasil fez justamente o inverso: entrou em um curso de alta de juros para conter a inflação. Em julho, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) terminou o mês com alta de 8,99% em 12 meses. O Comitê de Política Monetária (Copom) fez quatro aumentos da taxa básica de juros, a Selic, e duas grandes mudanças no curso de sua política monetária.
Primeiro, o Copom havia afirmado que monitorava os choques inflacionários, mas buscava um patamar neutro de juro real no país. Na última reunião, a limitação de nível “neutro” foi abandonada, o que mostra disposição de aumentos da Selic até o ponto necessário para conter a alta de preços.
Em 2021, o centro da meta de inflação do país é de 3,75%, com teto de 5,25%. Não há esperança do Copom de cumprir esse objetivo. Segundo o boletim Focus, sondagem do Banco Central (BC) com agentes do mercado financeiro, a estimativa para o IPCA deste ano é de 7,11%, o 20º aumento consecutivo do relatório semanal.