Por acordo político, governo opta por fazer máquina pública rodar no fio da navalha

A fim de manter o acordo político que garante fartas emendas parlamentares, o governo optou por um Orçamento que faz a máquina pública rodar no fio da navalha.

Sancionado com vetos no fim da noite desta quinta-feira (22), prazo limite para o presidente da República, o Orçamento deste ano levará a um corte de R$ 9 bilhões das despesas usadas para o funcionamento de programas e serviços prestados pelo governo.

Na noite de quinta, ao falar sobre o tema, o presidente Jair Bolsonaro confirmou que corte “bastante grande”, afetando todos os ministérios. “Todo mundo vai pagar a conta”, disse. No entanto, foram preservados mais de R$ 17 bilhões em emendas.

Os cortes foram necessários para o cumprimento da regra do teto de gastos, que limita o crescimento das despesas à inflação.

Mesmo assim, o teto ainda corre riscos, e o governo terá que ser vigilante, segundo o diretor-executivo da Instituição Fiscal Independente, vinculada ao Senado, Felipe Salto.

“O Executivo corre risco de shutdown”, diz.

As estimativas são as de que os valores livres para a máquina do governo funcionar fiquem entre R$ 80 e R$ 90 bilhões, patamar mais baixo dos anos recentes.

Aprovado no fim de março pelo Congresso, o Orçamento 2021 levou a uma crise politica que opôs a cúpula das casas legislativas, em especial da Câmara, à equipe econômica, acusada de participar das negociações e de não cumprir o acordo.

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