Antes da pandemia chegar, os kuikuro, povo indígena de Mato Grosso, fecharam parcerias, contrataram profissionais da saúde e se informaram sobre a Covid-19. Nesta semana, sem nenhuma morte pela doença desde o começo da pandemia, toda a comunidade se vacinou. Como foi possível manter uma aldeia inteira sem perder ninguém para o coronavírus?
Há seis meses,os Kuikuro já haviam implantado um hospital dentro do território, estavam fazendo isolamento social, e levaram para trabalhar dentro da aldeia enfermeiros e a médica Giulia Parise Balbao.
Imagem interna de leitos improvisados por povo Kuikuro, no Alto Xingu — Foto: Arquivo Pessoal
“A história é bonita porque é coletiva”, descreve Giulia. Ela foi contratada após pedir demissão do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, pela Associação Indígena Kuikuro do Alto Xingu. Quase todos os mais de 200 índios acabaram infectados, mas nenhum morreu devido à doença, incluindo os anciãos.
Yanamá Kuikuro recebe a primeira dose da vacina contra a Covid-19 — Foto: Arquivo Pessoal
Enfim vacinados
A história é um esforço entre comunidade, lideranças, pesquisadores e profissionais da saúde.
“A gente conseguiu fazer isolamento domiciliar. Fizemos o contrato da doutora Giulia, compramos medicamentos, improvisamos o hospital. Foi uma grande experiência que tivemos” – Yanama Kuikuro, presidente da Associação Indígena Kuikuro do Alto Xingu.