Homens gays agora podem ser padres, decide o Vaticano
questão da presença de padres gays na Igreja Católica sempre foi um tema polêmico, carregado de tensões históricas, religiosas e sociais. Nos últimos anos, o Vaticano tem demonstrado uma postura mais aberta, ainda que cautelosa, em relação à comunidade LGBTQIA+, especialmente no que tange à inclusão de homens gays no clero.
Na realidade, a Igreja deu um passo importante em sua abordagem sobre a inclusão de pessoas gays no clero católico. O Vaticano publicou uma nova orientação que permite que homens gays sejam admitidos em seminários, desde que sigam a prática do celibato. Esta decisão representa um recuo em relação à instrução de 2016, que havia barrado seminaristas com “tendências homossexuais profundas” de ingressarem na vida sacerdotal.O documento, elaborado pela Conferência Episcopal Italiana (CEI), sinaliza uma postura mais acolhedora do papado de Francisco em relação à população LGBTQIA+. Essa medida acompanha outras atitudes do pontífice que têm sido vistas como positivas, como declarações de apoio e acolhimento à comunidade, além de decisões que permitiram que padres abençoassem casais do mesmo sexo e pessoas em segundo casamento. Vale lembrar, contudo, que o casamento gay ainda não é reconhecido pela Igreja Católica.
As novas orientações foram publicadas discretamente no site da CEI, na última quinta-feira (9), e refletem uma mudança significativa na forma como a Igreja Católica lida com a questão da orientação sexual em seminários. De acordo com o documento, diretores de seminários devem considerar a orientação sexual dos candidatos, mas não como um critério isolado, e sim como parte de uma análise mais ampla da personalidade do seminarista.
Essa decisão, que foi aprovada em novembro de 2024 e entrou em vigor imediatamente, pode ser reavaliada após um período de três anos. Para muitos, essa medida simboliza uma tentativa do Vaticano de aproximar-se de uma postura mais inclusiva, ainda que com limitações.
No entanto, a mudança não chega a reconhecer o casamento gay dentro da Igreja Católica, o que continua sendo um ponto de tensão. O Papa Francisco, apesar de suas falas mais acolhedoras, ainda se envolve em controvérsias sobre a questão.
Em maio de 2022, uma declaração sua, que vazou para a imprensa italiana, causou polêmica ao afirmar que os seminários estavam “cheios de viadagem”. De acordo com relatos de bispos próximos ao pontífice, Francisco teria inicialmente se oposto à ideia de admitir gays nos seminários, uma posição agora revista pela Igreja.
Ainda assim, o Papa tem se posicionado contra leis que criminalizam a homossexualidade, como demonstrado em uma entrevista concedida à Associated Press em janeiro de 2023, onde afirmou: “Ser homossexual não é crime, mas é pecado”.Ele também pediu a eliminação das leis que discriminam a orientação sexual, destacando que tais leis são injustas e que aqueles que as apoiam precisam de um “processo de conversão”. Em suas palavras, as lideranças católicas que apoiam tais leis devem agir com “ternura”, refletindo a misericórdia de Deus para com todos.