“Dezembro Vermelho”: combate à sífilis no Pará começa pela prevenção

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No “Dezembro Vermelho”, mês de conscientização sobre a importância da prevenção e cuidados contra Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), o Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), orienta sobre o contágio e formas de prevenção à sífilis.

De acordo com a Sespa, a doença é transmitida via relação sexual desprotegida ou através da mãe infectada para o bebê durante a gestação. De 2010 a 2019, o número de novos casos notificados anualmente da doença aumentou em cerca de 8,5 vezes, saltando de 9,3 para 77,8 casos por 100 mil habitantes.

Andréa Miranda, coordenadora estadual de IST/Aids da Sespa, explica que existem três agravos notificáveis da sífilis: sífilis adquirida, sífilis em gestantes e sífilis congênita. “Esse dado é nacional e refere-se às notificações apenas de sífilis adquirida, que se tornou de notificação compulsória apenas em 2010 no Brasil”.

“O dado mostra um aumento gradual e importante no rastreamento da sífilis adquirida, que se deve principalmente pela disponibilização do Teste Rápido (TR) para sífilis nas Unidades Básicas de Saúde e Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) em todo território nacional. Isso possibilitou uma acessibilidade maior da população e diagnóstico de triagem mais rápido para notificação tanto dos casos suspeitos, quanto confirmados, e início oportuno do tratamento. O aumento também pode estar refletindo sobre o comportamento sexual, devido a prática de sexo desprotegido”, comenta Andréa Miranda.

Tratamento – Conforme orienta a Sespa, o sexo com proteção é a principal forma de prevenção para os indivíduos sexualmente ativos. No caso da gestante, para que esta proteja seu bebê da sífilis congênita, é necessário realizar o acompanhamento pré-natal de forma adequada, realizando TR para sífilis, HIV, e hepatites B e C na primeira consulta de pré-natal e se esse teste for negativo, deve-se repetir o TR no mínimo no início do terceiro trimestre de gestação para rastreamento/diagnóstico e tratamento.

O tratamento para sífilis adquirida em gestante e congênita é com medicamento e esquema adequado de acordo com o quadro. “Uma gestante com sífilis tratada com Benzilpenicilina, para o estágio clínico correto da infecção e iniciado antes de 30 dias antes do parto, é considerado tratamento adequado, o que reduz em 99% a transmissão da sífilis da mãe contaminada para seu bebê”, explica a coordenadora.

O Governo do Estado, por meio da Coordenação Estadual de IST/Aids/DCDT/DVS, tem o papel de articulador das políticas nacionais de IST/Aids, monitoramento epidemiológico e avaliação, visando a melhoria da qualidade de vida da população e atuando junto aos municípios, sendo estes os executores dessas políticas.

Entre as ações estão distribuição de teste rápido para a rede de atenção à saúde do estado, objetivando a detecção precoce e oportuna; de insumos de prevenção, preservativos masculinos e femininos; de benzilpenicilina para rede atenção à saúde do estado, objetivando o manejo clínico/tratamento adequado do caso.

A Sespa promove treinamento das equipes de saúde dos municípios; oficinas sobre o manejo clínico da sífilis materno-fetal para os profissionais da Atenção Básica, maternidades dos municípios, laboratórios públicos, desenvolvendo o senso analítico-reflexivo para melhor condução e resolução dos casos, baseado nas atualizações do PCDT.

O Plano de Ação para Controle e Eliminação da Sífilis Congênita no Pará está realizando de março de 2021 a dezembro de 2022 ações em cinco municípios pilotos para receberem capacitação de todos os profissionais médicos, enfermeiros, farmacêuticos, biomédicos, Agentes Comunitários de Saúde envolvidos na linha de cuidado da sífilis.

A partir deste plano as equipes devem divulgar, em breve, uma nota técnica que dispõe sobre a implantação da linha de cuidado da transmissão vertical da sífilis congênita no âmbito do estado do Pará, ampliando a todos os municípios do estado a experiência de êxito com os cinco municípios pilotos para conseguirmos o controle e eliminação da transmissão vertical da sífilis.

Abaixo, a classificação clínica da sífilis:

• Sífilis primária: o principal sintoma é uma ferida chamada “cancro duro”, uma ferida, geralmente única, que não arde, não coça e não produz secreção, que aparece de 10 a 90 dias após o contato sexual. Essa ferida desaparece espontaneamente em 3 a 8 semanas.

• Sífilis secundária: ocorre em média entre seis semanas e seis meses após a cicatrização do cancro, mas eventualmente pode ocorrer concomitante com o cancro. As manifestações são variadas nesta fase, mas as principais são as “roséolas sifilíticas”, erupção macular que aparecem principalmente na palma das mãos, plantas dos pés e no tronco, sendo confundido com alergia. Pode ocorrer também perda de cabelo em clareira (alopecia) e manchas acastanhadas na pele e mucosas genitais.

• Sífilis latente: após o fim dos sinais e sintomas da fase secundária o indivíduo entra em uma fase assintomática que pode durar de 1 a 40 anos, de acordo com a literatura.

• Sífilis terciária: surge após a latência devido a reativação da bactéria no organismo, levando a destruição tecidual e causando lesões chamadas de gomas sifilíticas que acometem a pele, mucosas, ossos, sistema nervoso central, coração e outros tecidos, podendo levar à desfiguração, incapacidade e até a morte.

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