Pará discute ações para retirada da vacina contra febre aftosa

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Para que o Pará e mais quatro estados possam alcançar o status de livre de febre aftosa sem vacinação, representantes da equipe gestora do Plano Estratégico Estadual de Erradicação da Febre Aftosa se reuniram nesta terça-feira (30), em Manaus, capital do Amazonas, para tratar sobre o aprimoramento dos mecanismos de vigilância e o fortalecimento do sistema de prevenção e detecção precoce da aftosa.

Em 2023, mais de 100 milhões de animais do rebanho brasileiro já não serão mais vacinados contra febre aftosa nos estados do Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Tocantins, que juntos integram o bloco IV, e mais o Distrito Federal (DF), que já evoluíram nas medidas sanitárias e foram considerados zonas livres da febre aftosa sem vacinação pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).O Fórum realizado em Manaus reuniu gestores de vários estados da AmazôniaFoto: Divulgação

A expectativa é para que os demais estados também alcancem esse status. O Pará é um dos estados da região Norte que pleiteiam a retirada da vacina, junto com Amapá, Amazonas e Roraima, integrantes do bloco II.

Para tratar sobre essas questões, representantes da equipe gestora do Plano Estratégico Estadual de Erradicação da Febre Aftosa (EGE-PA), formada por diversas instituições do setor público e da iniciativa privada, se reuniram no 3º Fórum Estadual de Vigilância contra a Febre Aftosa, no auditório da Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas (FAEA).

União de esforços – Durante a reunião, o diretor-geral da Agência de Defesa Agropecuária do Pará (Adepará), Jamir Paraguassu Macedo, defendeu a união de esforços dos estados do bloco II para a retirada da vacinação. “Por isso é muito importante nesse momento de discussão nós estarmos presentes. Hoje, nós temos um grupo gestor estadual operante, forte, que tem reuniões frequentes e está debruçado em cumprir os itens e as metas propostas pelo Ministério da Agricultura, para que essa retirada da vacina possa ser uma realidade o quanto antes”, ressaltou o gestor da Adepará.Foto: Divulgação

O Pará integra o bloco II do Plano Estratégico Nacional de Erradicação da Febre Aftosa (PNEFA), e desde 2017 realiza ações visando obter o reconhecimento de zona livre, o que demonstra a importância do Fórum, frisou Jamir Paraguassu Macedo. “Não adianta o Estado do Pará pensar de maneira individual e apenas no desenvolvimento do seu Plano. É importante também acompanhar e entender como os outros estados estão com essa condução, para que essa retirada da vacina possa ocorrer de maneira homogênea, rápida e eficaz, evitando prejuízos para o Estado na comercialização e no trânsito de animais”, acrescentou.

Economia – Com mais de 25 milhões de cabeças de gado (25.393,591 milhões), o Pará tem o terceiro maior rebanho do País e, desde 2018, é reconhecido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) como “Estado livre de febre aftosa com vacinação”. Com a retirada da vacina haverá uma economia anual de mais de R$ 100 milhões, com custos diretos e indiretos.

Pelo que representa para a pecuária nacional, o Estado, por meio da Adepará e instituições parceiras, atua em conjunto com o Mapa para substituir gradualmente a vacinação por outras medidas sanitárias de controle da doença, mas isso depende do aprimoramento dos mecanismos de vigilância e do fortalecimento do sistema de prevenção e detecção precoce da aftosa, assuntos discutidos na reunião.

Status sanitário – Idealizado para ser executado em um período de 10 anos, de 2017 a 2026, o Plano Estratégico do Programa Nacional de Febre Aftosa objetiva criar e manter condições sustentáveis para garantir o status de país livre de aftosa e ampliar as zonas de status “livre da doença sem vacinação”. Para a transição dos status sanitários são considerados critérios técnicos e estratégicos. A união de esforços públicos e privados, a infraestrutura dos serviços veterinários e os fundamentos técnicos formam a base para essa conquista.

Foto: DivulgaçãoAs ações do Plano Estratégico 2017-2026 preveem a retirada da vacina no Pará e os desafios para a vigilância sanitária do serviço veterinário oficial. O plano estratégico não estabelece somente a retirada da vacina. Também é consequência da estruturação do serviço de preparação do setor produtivo, que vai ter um papel diferenciado na nova condição sanitária livre de febre aftosa sem vacinação.

“Alinhar informações das ações realizadas pelas agências de defesa perante o setor produtivo e a presença do Pará no Fórum do Amazonas é para que nós possamos acompanhar o avanço das ações que ele vem realizando e poder alinhar a relação com o estado vizinho, até porque pertencemos ao mesmo bloco de avanço no plano estratégico”, disse Joylson Bentes, gerente do Programa Estadual de Erradicação da Febre Aftosa da Adepará.

Em reunião realizada no mês passado no Pará, o diretor do Departamento de Saúde Animal da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Geraldo Marcos, informou que ao final de 2022 a vacina será suspensa nos estados do bloco IV, e que os blocos II e III prosseguem vacinando. Está em fase de análise a possível retirada em 2024. “Nós estamos discutindo e avaliando os indicadores. Foi feita recentemente uma auditoria e os resultados estão em fase de análise para sabermos se o Estado atingiu as condições mínimas que o Ministério estabelece para tomada de decisão”, informou Geraldo Marcos.

Qualidade – Em maio de 2018, o Pará deu um passo importante na garantia da qualidade da carne produzida no Estado e na eficácia da preservação da sanidade dos animais, quando recebeu o reconhecimento internacional de área 100% livre de febre aftosa durante a 86ª Assembleia Geral da OIE, em Paris (França). Outros estados brasileiros também alcançaram a certificação, como Amapá, Amazonas e Roraima.Foto: Divulgação

“O Fórum cumpriu com maestria sua finalidade. Estamos satisfeitos com a presença dos demais estados do bloco. A presença do Pará, que é uma referência na pecuária, em muito contribui para alcançarmos nossa meta com essa troca de experiências”, destacou Muni Lourenço, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas.

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