Vacinação contra o HPV reduz taxas de câncer de colo de útero em até 87%, aponta estudo
A vacinação de meninas de 12 e 13 anos contra o HPV reduziu as taxas de câncer de colo de útero em 87% na Inglaterra, aponta um estudo inglês publicado nesta quarta-feira (3) na revista científica “The Lancet”. Cerca de 90% dos casos de câncer de colo de útero são causados por uma infecção pelo HPV.
A pesquisa é resultado do acompanhamento do programa de imunização contra o vírus feito no país, que começou em 2008. Naquele ano, a vacina bivalente foi oferecida à faixa etária de 12 e 13 anos, com uma “repescagem” para adolescentes de 14 a 18 anos feita até 2010.
Os cientistas, de vários serviços de saúde pública e universidades do Reino Unido, acompanharam também os casos de câncer de colo de útero em mulheres de 20 a 30 anos na Inglaterra nesse período. Eles constataram os seguintes pontos:
- Entre as mulheres que tinham recebido a vacina entre os 16 e 18 anos de idade, a redução relativa estimada nas taxas de câncer foi de 34%. Já a redução relativa das lesões pré-cancerígenas do tipo mais grave (CIN3) foi de 39% em relação à população não vacinada.
- Para as que tinham recebido a vacina entre os 14 e 16 anos, a redução de casos de câncer foi de 62%; de lesões pré-cancerígenas graves, de 75%.
- Nas que receberam a vacina entre os 12 e 13 anos, a redução relativa de casos de câncer foi de 87%; já as de lesões pré-cancerígenas graves foi de 97%.
“Como esperado, a vacinação contra o HPV foi mais eficaz nas coortes [populações] vacinadas com idades entre 12 e 13 anos, entre as quais a adesão foi maior e a infecção anterior menos provável”, explicou Kate Soldan, uma das autoras do estudo, da Agência de Segurança de Saúde do Reino Unido.
No Brasil, a vacinação contra o HPV é feita a partir dos 9 anos de idade (veja detalhes mais abaixo).
“Esperamos que esses novos resultados incentivem a aceitação, já que o sucesso do programa de vacinação depende não apenas da eficácia da vacina, mas também da proporção da população vacinada”, completou Soldan, em um comunicado à imprensa divulgado pela Lancet.
Os cientistas britânicos estimaram que, em junho de 2019, havia cerca de 450 casos a menos de câncer cervical e 17.235 casos a menos de lesões pré-cancerígenas mais graves, a CIN3, na população vacinada do que o esperado. No período do estudo, 28 mil diagnósticos de câncer cervical e 300 mil diagnósticos de CIN3 foram registrados na Inglaterra.
Eles concluíram que o programa de imunização praticamente eliminou o câncer cervical em mulheres inglesas nascidas desde 1.º de setembro de 1995.
Importância da vacinação
A Inglaterra usou, até 2012, a vacina bivalente – que protege contra os dois tipos mais comuns de HPV, o 16 e o 18, responsáveis por 70% a 80% dos casos de câncer de colo de útero (também conhecido como câncer cervical).
Desde aquele ano, entretanto, o país passou a usar a vacina quadrivalente – que protege contra os tipos 6, 11, 16 e 18 do HPV.
“Os primeiros estudos de modelagem sugeriram que o impacto do programa de vacinação nas taxas de câncer do colo do útero seria substancial em mulheres de 20 a 29 anos até o final de 2019. Nosso novo estudo visa quantificar esse impacto inicial. O impacto observado é ainda maior do que os modelos previstos”, afirmou o professor Peter Sasieni, do King’s College London, autor sênior do artigo, em um comunicado à imprensa.