São Paulo supera Rio de Janeiro e volta a ser cidade com mais mortes por Covid-19 no Brasil
A cidade de São Paulo chegou à marca de 19.300 mortes por Covid-19 nesta quarta-feira (10), superando o total de mortes registrado no Rio de Janeiro e tornando-se a cidade com mais óbitos provocados pelo coronavírus no país. Também nesta quarta, a média móvel de mortes no estado de São Paulo passou de 300 primeira vez (leia mais abaixo).
A cidade do Rio de Janeiro registrou 19.207 mortes provocadas pela doença, segundo atualização oficial da prefeitura da cidade, publicada às 18h desta quarta.
A capital paulista tem mais de 12 milhões de habitantes, quase o dobro dos 6,7 milhões do Rio, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Nesta quarta, a ocupação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) chegou a 83% em hospitais públicos e particulares da capital paulista. A taxa é a maior desde início da pandemia.
Além da capital, o estado de São Paulo também registrou altos números de óbitos pela doença: nesta quarta, a média diária de mortes por Covid-19 no estado foi de 313 óbitos, recorde pelo terceiro dia seguido. A taxa média de ocupação de UTIs em todo o estado, com 83%, também foi a maior de toda a pandemia, e o número de pacientes internados chegou a 20,8 mil, outro recorde (leia mais abaixo).
Movimentação de profissionais da saúde no contêiner refrigerado que serve como necrotério extra no Hospital de Campanha Ame Barradas, montado em Heliópolis, na zona sul de São Paulo, nesta segunda-feira, 08 de março de 2021 — Foto: MISTER SHADOW/ASI/ESTADÃO CONTEÚDO
Recordes no estado de SP
Coveiros abrem novas covas para vítimas da Covid-19 em cemitério de São Paulo no dia 9 de março. — Foto: Carla Carniel/Reuters
São Paulo teve nesta quarta a maior média móvel de mortes de toda a pandemia. O índice superou o recorde de agosto de 2020, quando o índice chegou a 289 mortes diárias, pelo terceiro dia seguido.
A média móvel, que leva em consideração os registros dos últimos sete dias e minimiza as diferenças das notificações, foi de 312 óbitos por dia nesta quarta. É a primeira vez que o índice supera 300 mortes. O número representa um aumento de 34% em relação ao verificado há 14 dias, o que, segundo os especialistas, indica tendência de alta.
O estado registrou também 517 novas mortes por Covid-19 nas últimas 24h, além de 16.058 novos casos confirmados da doença.
A média móvel de casos foi de 11.564 casos por dia nesta quarta-feira. O número é 24% maior do que o verificado 14 dias atrás, o representa uma tendência de alta.
Além disso, a taxa de ocupação de UTIs do estado de São Paulo também alcançou seu maior índice histórico, com 82% dos leitos ocupados. Na Grande São Paulo, a taxa média é de 83,6%.
O número de pacientes internados bateu recordes todos os dias desde 27 de fevereiro: naquela data, o estado tinha 15,5 mil pacientes em leitos de internação, valor que já constituía um recorde.
Nesta quarta-feira, o total chegou a 20.876 pacientes internados, sendo 11.692 em enfermaria e 9.184 em unidades de terapia intensiva (UTI).
Mortes na fila de espera
Painel de gerenciamento de leitos de UTI no Hospital de Campanha de Heliópolis, na Zona Sul de SP, mostra diversos leitos ocupados por pacientes com Covid-19 — Foto: MISTER SHADOW/ASI/ESTADÃO CONTEÚDO
Em praticamente todos os casos de mortes na fila de espera, as prefeituras ou os hospitais responsáveis pelos pacientes disseram que vagas de UTI haviam sido solicitadas por meio do sistema estadual de regulação de leitos, o Cross, mas que os pedidos não foram atendidos – seja por indisponibilidade de vagas, seja por impossibilidade de fazer a transferência de pacientes em estado grave.
A Secretaria da Saúde disse que não negou leitos e que as transferências não ocorreram porque os pacientes não puderem ser removidos com segurança devido ao quadro de saúde instável.
Secretaria estadual admite ‘rede impactada’
A Secretaria da Saúde do governo de São Paulo disse que o sistema de regulação de leitos não negou vagas para os pacientes com Covid-19 que morreram na fila por UTIs, mas admitiu que “com o recrudescimento da pandemia, a rede de saúde está impactada”.
Questionada sobre casos específicos, a pasta atribuiu a impossibilidade de transferência às condições clínicas dos pacientes.
Profissionais da saúde atendem pacientes com Covid-19 em leitos da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital de Campanha Ame Barradas, montado em Heliópolis, na zona sul de São Paulo, nesta segunda- feira, 08 de março de 2021 — Foto: MISTER SHADOW/ASI/ESTADÃO CONTEÚDO
“O paciente tinha histórico de comorbidades e estava em estado grave, instável quando foi cadastrado no sistema Central de Regulação de Ofertas e Serviços de Saúde (Cross), com condições clínicas que inviabilizaram a transferência e transporte”, disse sobre o caso de Ribeirão Pires.
A secretaria também informou que é atribuição do hospital local providenciar a estabilização clínica do paciente previamente à transferência, bem como providenciar transporte adequado para deslocamento seguro.